O Mundo às vezes magoa-me ao contrariar-me na minha visão de ser e de estar.
Ofende-me ao amputar-me os sonhos de uma Humanidade de Bem.
Susceptibiliza-me ao turvar o meu jeito de acreditar nas coisas e nas pessoas, em que prevalece o sentido do que é belo ou gentil ou luminoso ou terno ou tolerante ou na mesma linha de conduta, princípios e valores que se aprenderam e interiorizaram como válidos e próprios, numa cumplicidade de respeito e integridade pela Natureza, por nós e pelos outros.
O Mundo ofende-me ao fazer o elogio da pura maldade, da violência, da intolerância, da incompreensão, aberrações ao meu sentido quase estético de O idealizar.
O Mundo melindra-me com o seu mistério de construção que implica atrocidades e desvarios e que me constrange em perplexidades perante a pura iniquidade.
Quem definiu os conceitos? Como se estabilizaram estes, ao longo de todos os tempos, em torno do que foi e é considerado o Bem ou o Mal se o que prevalece é o negro e este impera sobre tudo como névoa nefasta?
O Mundo destrói-se a si próprio.
Não sou utópica, não sou ingénua.
Para haver o entendimento do sentido das coisas há que compreender a contradição, o reverso, a antítese, muitas vezes os “antípodas” das acepções do que existe ou pode existir, dos factos, dos acontecimentos, da própria espécie.
Contudo, há dias em que não é fácil acreditar em quer que seja, sobretudo perante um mundo doente, cada vez mais doente em que a metástase da doença se propaga funestamente a rapidez sónica.
Talvez seja esse o propósito: a inexorável destruição final e, a visão do Apocalipse há séculos anunciada, seja a verdadeira solução que determina uma nova era.
Terminarmos, enfim, numa grande Nova que dê origem a uma outra e renovada dimensão, porventura sem conceitos que a rotulem e condicionem.
É este o Mundo que criámos à imagem e semelhança dos mesquinhos mortais que somos?