Maria da Serra Verde
por Ana Souto de Matos
terça-feira, 21 de novembro de 2023
quinta-feira, 3 de agosto de 2023
NOUTROS DIAS, SABERIA!
Noutros dias …noutros dias… saberia o que te dizer. Saberia, como sempre soube, falar-te de mim ou dos sonhos que preenchem espaços ... ou de simples devaneios que esvoaçam por aí ou de meras ideias sobre o mundo ou, ainda, das gentes que o povoam. Noutros dias,saberia dizer-te de tudo um pouco, saberia afirmar-te nada de muito…trautear sobre as músicas que me alegram, projectar as imagens que capto com a objectiva do meu olhar, palrar sobre as filosofias – ‘baratas’ ou acertadas - que por aí grassam. Saberia brincar sobre as coisas e as pessoas, trocar contigo pormenores da vida e teria sempre tantas palavras… Todas as palavras! Noutros dias…saberia… Nestes dias…Agora!… Agora, já não sei… Já não sei se te posso dizer, tudo aquilo que te queria dizer, que te quero dizer! E que te digo… em tom de solilóquio, em jeito de toada ou trinado que canto para mim própria acalmando o meu ímpeto em desejar afirmar-te tanta coisa ao ouvido… e, ao ouvido, queria dizer-te…queria dizer-te baixinho, tão baixinho, quase um sussurro…apenas num sopro que só tu poderias e conseguirias ouvir… Queria dizer-te que não sabia! Que não sabia que iria sentir assim… Assim!… tão simples mas tão cheio. Que não sabia que iria albergar uma saudade assim… Assim!… tão grande e tão intensa que… que, o silêncio dói… assim, cá dentro, tão fundo. Que não sabia que iria pensar assim… Assim!… em nada mais, nestes dias, que não apenas e só em ti. Que não sabia que o teu abraço seria assim… Assim!… tão fundamental , tão vital, que me alvoroça recordá-lo. Que não sabia que iria ser assim… Assim!… o sentido da ausência do teu aconchego… Assim!… agora que senti o teu peito no meu rosto, como se fora esse! desde sempre, o sítio natural para o pousar. Queria dizer-te que não sabia que o teu toque seria assim… Assim!… mais do que mera perturbação e que, o teu acalento seria assim… assim, mais do que simples ardor. Queria dizer-te que não sabia que o estar perto de ti, seria querer-te… junto de mim, dentro de mim, dentro de ti, dentro de nós. Não sabia… Agora Sei!
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(historietas avulsas d’um livro inacabado)
Foto e texto: ASM
quarta-feira, 17 de maio de 2023
Há momentos...
"Há momentos na vida, quando o nosso coração está tão cheio de emoção que, se por acaso ele é agitado por alguma palavra descuidada, essa emoção transborda, como um segredo que se revela aos nossos olhos..."
domingo, 30 de abril de 2023
QUASE-RIOS
Estou febril.
Sinto-me febril.
Reconheço bem esse estado, não propriamente rotineiro mas suficientemente habitual para o topar de ginjeira e lhe perceber as manhas.
Febril de temperatura, que me deixa a pele inusitadamente fresca embora eu lhe (pres)sinta arrepios, assanhada em picos de poros e pelos.
Febril de ideias que me sacolejam a mente, a perturbam ao limite da sanidade e a estimulam em córregos fluentes. Ideias que, soltas, correm pelos imaginários regatos de pensamentos, quase-rios, deixando-me as veias a arder com a sua revolta agitação.
Há dias em que pensar me cansa, assim como sentir me cansa, também. Enfim, é a própria vida que me cansa e desgasta. Cansa-me a vida e cansa-me esta febre… uma febre de sentidos intensos e fartos e de enrodilhados vazios, que me deixam em perplexidade de não saber se estou completamente cheia de nada ou completamente oca de tudo…
Estou febril.
Sei isso!.
(reavendo palavras de 2011)
quarta-feira, 28 de dezembro de 2022
O Templo
Muitos refugiam-se na Igreja para encontrar a serenidade do seu Deus. Não contesto. Cada um tem a sua forma de se chegar perto!
Há muito que o meu templo de Paz é a Natureza, simultaneamente, espaço e divindade, assumindo género feminino na acepção, lugar amplo -sem fronteiras de janelas, teto ou chão- extensão profusa de vida.
Sou uma privilegiada, não preciso de calcorrear grandes caminhos para encontrar dessa paz que só a Natureza-Mãe me sabe conferir.
Basta-me –quase ao lado dos quotidianos- prosseguir ao encontro da serra, com a sua floresta e rios. Então, aí, longe por algumas horas de qualquer assomo de vida humana, calcorreando caminhos, veredas, atalhos e trilhos quase indecifráveis, encontro-me com o mais telúrico, criando lugar para a reflexão, para o sentido mais despojado, para a compreensão mais simples do mundo.
Posso, então, absorver do que me envolve e criar dentro de mim, energia para algum entendimento da minha própria natureza, quiçá, para algum entendimento da própria Humanidade.
Depois, imbuída do azul e verde, apanágio dos regatos e das árvores, do orvalho e da clorofila, regresso -por fim- aos circuitos de todos os dias com mais de mim, porventura, um pouco renovada, para então -melhorada na minha própria versão- me partilhar com os que me rodeiam .
FOTO: ASM #SerraLousã
sábado, 4 de setembro de 2021
domingo, 18 de julho de 2021
ali, à minha frente...
«Ontem à noite, da janela observei a esquina do meu quarteirão. Um redemoinho de luz formado pela água da chuva em dança voluptuosa.
Os movimentos giratórios criavam imagens sobre a calçada e o
asfalto, sob a luz branca e crua dos candeeiros públicos.
Fixando os olhos com maior precisão, entendi que os seres
formados pelo vento das copiosas gotas de água, compactados nos feixes de luz
nua e branca, libertavam sons que tanto podiam ser de êxtase e comunhão quanto
de sofrimento e dor. Uns, esganiçavam-se em cânticos, outros numa espécie de
urros ou gemidos, num qualquer linguajar incompreensível.
Da janela, não me conseguia aperceber se tratavam de seres
assexuados ou de género bem definido.
Do esforço, os olhos latejavam de ardor com o esforço de
captação da imagem e, simultaneamente, de compreensão do conteúdo.
As espirais criavam histórias entre si, histórias de
envolvimento e lutas; composições de beleza e fealdade; cenários de intensidade
e marasmo.
Ali, à minha frente, desfilavam os meus temores e os meus
sonhos numa dança de sensualidade e de ousadia; de regressão e medo; de
catarse. Passos à frente, passos atrás, o vento a forçar-lhes as ancas
inexistentes, os braços idealizados, as cabeças de corpos meramente imaginados,
rodopiando e forçando os feixes de luz...
Tempos estranhos...
sábado, 10 de abril de 2021
ao invés...
queria ser para ti um lago de águas doces, serenas em que tranquilizasses o teu espírito ao invés de um mar tumultuoso que embravece o teu cerne...um mar quase mau, daquele que afoga os pescadores!
chuva...
Borrifo as Palavras com gotas frescas de chuva em tentativa - vã? - de lhes conferir significados!!!
domingo, 20 de setembro de 2020
ficas Tu e o vazio...
Entre uma ponta e outra do meu pensamento ficas Tu e o vazio!
Tu, naquela imagem recorrente de homem caminhando sobre um fio de luz quase imperceptível sobre o imenso breu logo abaixo, dos lados, em cima, em todo o espaço...
Entre uma ponta e outra do meu pensamento...ficas Tu e a sólida, a lúcida e a absoluta constatação de todo o vazio da minha vida sem ti!
quinta-feira, 11 de junho de 2020
sábado, 9 de maio de 2020
Ternura
[Confundi-me? Seriam apenas os olhos a soletrar as letras?]
sexta-feira, 17 de abril de 2020
sábado, 11 de abril de 2020
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Quero recordar-me de ti...
Quero recordar-me de ti, assim, a sorrir e com o jeito matreiro no olhar que por vezes surgia quando conseguias fintar os pensamentos das pessoas, sempre mais lentos do que os teus, sobretudo quando dissertavas sobre o que ou quem te enchia a Alma.
Quero recordar-me de ti e da forma como ficaste sensibilizado com o jeito como captei o fundamental dos teus poemas eleitos no momento em que apresentei os teus “55 Poemas de Idade” e de como eu, mera Aprendiz, me orgulhei do convite do Artista mais confiante nas minhas qualidades do que eu própria inquieta e receosa de não merecer tal honraria.
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
terça-feira, 27 de agosto de 2019
quinta-feira, 8 de agosto de 2019
segunda-feira, 5 de agosto de 2019
Ficção Científica!
sábado, 20 de julho de 2019
sexta-feira, 5 de julho de 2019
[diálogos (2)] ...uma espécie de Marca...
De permeio, entre ambas apenas o silêncio e a imaginação a galgar os anos.
Insistiu: - Será que compreendes?
A Amiga pensou compreender!
quinta-feira, 4 de julho de 2019
quarta-feira, 3 de julho de 2019
terça-feira, 2 de julho de 2019
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
quarta-feira, 28 de março de 2018
Há gestos que iluminam os dias sem sol...
"Junquem de flores o chão do velho mundo:
Vem o futuro aí!
Desejado por todos os poetas
E profetas
Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a caminho.
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
É o futuro...."
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Miguel Torga
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[Há prendas boas...daquelas que iluminam o dia! Mesmo os dias sem sol!
Obrigada Teresa]
sábado, 30 de dezembro de 2017
Olho para TI....
O meu CORAÇÃO inquieta-se
olho para TI…
E não sei dizer o tempo deste SENTIMENTO…
(desde SEMPRE, é muito tempo?)
SEI –todavia-
que qual pequena NASCENTE que brota do degelo após o Inverno frio
e, num repente, já é regato
e, logo depois se transforma em riacho
este SENTIMENTO flui como um RIO nas minhas veias, atravessa o PENSAMENTO e alcança o CORAÇÃO.
olho para TI
e, num instante, já te transformaste em SEMENTE que com a água germinou e cresceu planta, depois ramos, a seguir ÁRVORE, enfim FRUTO.
olho para TI
E és PEDRA, ROCHA, negras penedias em XISTO, aldeias escondidas na SERRA, escarpados vales VERDES, cobertos de FLORESTA.
olho para TI
E reconheço-TE minha…
[Sabes?
É que tu e eu temos a mesma ALMA SERRANA, aquela que se entrega só depois de prova de LEALDADE,
após as tempestades invernosas e o ardente estio,
florindo só então –C O N F I A D A M E N T E- nos tons rosas e roxos da URZE bravia que, mais tarde, se transforma em travo agridoce de MEL.]
olho para TI
E vejo GENTE BOA, daquela gente que abre os braços para acolher quem a procura…
daquela gente que tem orgulho dos seus USOS,
dos seus COSTUMES,
da sua CULTURA,
da sua HISTÓRIA,
GENTE que tem ORGULHO em ser quem é… em ser DAQUI.
olho para TI
és o meu TEMPO sem tempo
porque tenho em mim MEMÓRIAS tuas de passado, sinto o teu PRESENTE nos meus dias
mas é o FUTURO que antevejo de quem deseja PERMANECER e ser FELIZ
olho para TI
e o meu coração inquieta-se…
Sinto que és a minha RAIZ
O meu CERNE
A minha MONTANHA
O meu TRILHO
A minha CASA
A minha FAMÍLIA
A minha VIDA.
olho para TI
e sinto A M O R
A M O R
E, o meu amor tem NOME PRÓPRIO!
Sabes que falo de ti, não sabes?
Natural e Simplesmente
És (a) Minha
LOUSÃ!
sexta-feira, 11 de agosto de 2017
sexta-feira, 4 de agosto de 2017
quarta-feira, 24 de maio de 2017
...O Mundo é um lugar estranho...
Autoria e Agradecimento
Todos os direitos estão reservados.
São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.