quinta-feira, 15 de outubro de 2009

solidão absoluta é isto!

Para mim é uma perplexidade que simplesmente não compreendo.
Como é possível, alguém morrer num apartamento e o seu corpo apenas ser encontrado dois anos após?
Tinha família, dizem.
Os vizinhos não notaram nada, afirmam.


Um homem morreu na completa solidão. Tal, ainda se entende. Pode acontecer a qualquer um não ter com quem compartilhar o seu último acto.
Porém, que ninguém se tenha apercebido que este homem já não existia e que já não fazia parte das suas vidas, é que eu não compreendo. Nem a mulher ou os filhos, nem um amigo, um conhecido que fosse, nem o homem da padaria ou da tabacaria ou porventura o vizinho do rés-do-chão posterior. Ninguém sentiu a falta deste homem.

Como é possível? Que alguém tenha morrido num apartamento de um prédio de 03 ou 04 andares e ninguém, absolutamente ninguém, tenha notado a sua ausência, o seu silêncio.
Um esquecimento tão total, uma indiferença tão absoluta que causa mágoa.
Desculpem, mas esta custa-me mesmo “a engolir”.
E acreditem ou não, chorei por esse homem desconhecido e pela sua solidão atroz.

Vivemos num mundo que qualquer história que imaginação fértil invente, não supera a realidade nua e crua dos quotidianos.

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.