- Estás com um olhar tão ausente daqui, mas tão preso num qualquer lugar.... - A Amiga proferiu para o ar, não esperando resposta.
Do outro lado porém, assim confrontado, o olhar focou-se de novo na realidade:
- Alguma vez tiveste alguém perto de ti, tão perto… os joelhos no solo, sobre a relva... tu, sentada no banco de jardim… a sua cabeça pousada nas tuas pernas, numa atitude de dádiva, de despojo? Assim tão próximo num momento de oferta de si em silêncio “aqui estou, mostro-me a ti, recebe-me como sou. Aqui estás, mostra-te a mim, aceito-te como és”? Alguma vez, assim num-sentir-sem-palavras, na plena sintonia desse toque breve? Apenas o rosto sobre os teus joelhos… num momento tão, tão simples mas tão, tão intenso, que os escassos minutos se tornam marca eterna gravada no coração e no pensamento? Alguma vez? - repetiu.
Maria abanou a cabeça numa negativa sem inveja, antes de desejo de ter vivido ou alguma vez poder viver algo de semelhante….
- Eu tive esse momento… faz muito, muito tempo, mas permanece ainda… permanecerá sempre.
De permeio, entre ambas apenas o silêncio e a imaginação a galgar os anos.
Insistiu: - Será que compreendes?
A Amiga pensou compreender!
De permeio, entre ambas apenas o silêncio e a imaginação a galgar os anos.
Insistiu: - Será que compreendes?
A Amiga pensou compreender!
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