sábado, 30 de dezembro de 2017

Olho para TI....

olho para TI…
O meu CORAÇÃO inquieta-se

olho para TI…
E não sei dizer o tempo deste SENTIMENTO… 
                   (desde SEMPRE, é muito tempo?)

SEI –todavia- 
que qual pequena NASCENTE que brota do degelo após o Inverno frio
e, num repente, já é regato
e, logo depois se transforma em riacho
este SENTIMENTO flui como um RIO nas minhas veias, atravessa o PENSAMENTO e alcança o CORAÇÃO.

olho para TI
e, num instante, já te transformaste em SEMENTE que com a água germinou e cresceu planta, depois ramos, a seguir ÁRVORE, enfim FRUTO.

olho para TI
E és PEDRA, ROCHA, negras penedias em XISTO, aldeias escondidas na SERRA, escarpados vales VERDES, cobertos de FLORESTA.

olho para TI
E reconheço-TE minha… 
                    [Sabes? 
                    É que tu e eu temos a mesma ALMA SERRANA, aquela que se entrega só        depois de prova de LEALDADE, 
após as tempestades invernosas e o ardente estio, 
florindo só então –C O N F I A D A M E N T E- nos tons rosas e  roxos da URZE bravia que, mais tarde, se transforma em travo agridoce de MEL.]

olho para TI
E vejo GENTE BOA, daquela gente que abre os braços para acolher quem a procura…
daquela gente que tem orgulho dos seus USOS, 
dos seus COSTUMES, 
da sua CULTURA, 
da sua HISTÓRIA, 
GENTE que tem ORGULHO em ser quem é… em ser DAQUI.

olho para TI
és o meu TEMPO sem tempo
porque tenho em mim MEMÓRIAS tuas de passado, sinto o teu PRESENTE nos meus dias 
mas é o FUTURO que  antevejo de quem deseja PERMANECER e ser FELIZ 

olho para TI
 e o meu coração inquieta-se…

Sinto que és a minha RAIZ       
O meu CERNE
A minha MONTANHA
O meu TRILHO
A minha CASA
A minha FAMÍLIA
A minha VIDA.

olho para TI 
e sinto A M O R
A M O R

E, o meu amor tem NOME PRÓPRIO!
Sabes que falo de ti, não sabes?

Natural e Simplesmente 
És  (a) Minha
LOUSÃ!



Tributo à Lousã, enquanto sentido de Vida!
Ana Souto de Matos
Dezembro.2017

quarta-feira, 24 de maio de 2017

...O Mundo é um lugar estranho...



O Mundo às vezes magoa-me ao contrariar-me na minha visão de ser e de estar.

Ofende-me ao amputar-me os sonhos de uma Humanidade de Bem.

Susceptibiliza-me ao turvar o meu jeito de acreditar nas coisas e nas pessoas, em que prevalece o sentido do que é belo ou gentil ou luminoso ou terno ou tolerante ou na mesma linha de conduta, princípios e valores que se aprenderam e interiorizaram como válidos e próprios, numa cumplicidade de respeito e integridade pela Natureza, por nós e pelos outros.

O Mundo ofende-me ao fazer o elogio da pura maldade, da violência, da intolerância, da incompreensão, aberrações ao meu sentido quase estético de O idealizar.

O Mundo melindra-me com o seu mistério de construção que implica atrocidades e desvarios e que me constrange em perplexidades perante a pura iniquidade.

Quem definiu os conceitos? Como se estabilizaram estes, ao longo de todos os tempos, em torno do que foi e é considerado o Bem ou o Mal se o que prevalece é o negro e este impera sobre tudo como névoa nefasta?

O Mundo destrói-se a si próprio.

Não sou utópica, não sou ingénua. 
Para haver o entendimento do sentido das coisas há que compreender a contradição, o reverso, a antítese, muitas vezes os “antípodas” das acepções do que existe ou pode existir, dos factos, dos acontecimentos, da própria espécie.

Contudo, há dias em que não é fácil acreditar em quer que seja, sobretudo perante um mundo doente, cada vez mais doente em que a metástase da doença se propaga funestamente a rapidez sónica.

Talvez seja esse o propósito: a inexorável destruição final e, a visão do Apocalipse há séculos anunciada, seja a verdadeira solução que determina uma nova era. 

Terminarmos, enfim, numa grande Nova que dê origem a uma outra e renovada dimensão, porventura sem conceitos que a rotulem e condicionem.

É este o Mundo que criámos à imagem e semelhança dos mesquinhos mortais que somos?




















domingo, 21 de maio de 2017

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Viver é...





















Viver é..


Viver é uma peripécia. Um dever, um afazer, um prazer, um susto, uma cambalhota. Entre o ânimo e o desânimo, um entusiasmo ora doce, ora dinâmico e agressivo. 

Viver não é cumprir nenhum destino, não é ser empurrado ou rasteirado pela sorte. Ou pelo azar. Ou por Deus, que também tem a sua vida. Viver é ter fome. Fome de tudo. De aventura e de amor, de sucesso e de comemoração de cada um dos dias que se podem partilhar com os outros. Viver é não estar quieto, nem conformado, nem ficar ansiosamente à espera. 
Viver é romper, rasgar, repetir com criatividade. A vida não é fácil, nem justa, e não dá para a comparar a nossa com a de ninguém. De um dia para o outro ela muda, muda-nos, faz-nos ver e sentir o que não víamos nem sentíamos antes e, possivelmente, o que não veremos nem sentiremos mais tarde. 
Viver é observar, fixar, transformar. Experimentar mudanças. E ensinar, acompanhar, aprendendo sempre. A vida é uma sala de aula onde todos somos professores, onde todos somos alunos. Viver é sempre uma ocasião especial. Uma dádiva de nós para nós mesmos. Os milagres que nos acontecem têm sempre uma impressão digital. A vida é um espaço e um tempo maravilhosos mas não se contenta com a contemplação. Ela exige reflexão. E exige soluções. 
A vida é exigente porque é generosa. É dura porque é terna. É amarga porque é doce. É ela que nos coloca as perguntas, cabendo-nos a nós encontrar as respostas. Mas nada disso é um jogo. A vida é a mais séria das coisas divertidas. 

Joaquim Pessoa, in 'Ano Comum' 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

...Verde, que te quero Verde...


Afã...em prenúncio de Primavera!


...há sempre um rio, uma ribeira, um riacho que seja...




que corre dentro de mim...



Linha de Vida... (65).... [Há sempre uma outra opção]


...delicadeza... (2)





...Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos....



de Manoel de Barros

O APANHADOR DE DESPERDÍCIOS (excerto)
.........

Uso a palavra para compor meus silêncios.
Não gosto das palavras
fatigadas de informar.
Dou mais respeito
às que vivem de barriga no chão
tipo água pedra sapo.
Entendo bem o sotaque das águas.
Dou respeito às coisas desimportantes
e aos seres desimportantes.
Prezo insetos mais que aviões.
Prezo a velocidade
das tartarugas mais que as dos mísseis.
Tenho em mim esse atraso de nascença.
Eu fui aparelhado
para gostar de passarinhos.
Tenho abundância de ser feliz por isso.
Meu quintal é maior do que o mundo.
Sou um apanhador de desperdícios:
Amo os restos
como as boas moscas.
Queria que a minha voz tivesse um formato de canto.
(...)
Só uso a palavra para compor os meus silêncios.
Manoel de Barros

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.