SOFRI UM ASSALTO EMOCIONAL
Sinto-a, como certa e adequada, colando-se à pele e ao pensamento.
Toca-me o facto de ter ocorrido quase por acaso...tanto a sua leitura quanto a dimensão do seu significado, neste frémito constante que me altera os compassos arteriais.
Recordo-me até o momento fugaz desse sentir... num espaço em que o barulho de sons alternando com as cores e luzes intensas, a profusão quase assustadora de pessoas em mesclas de soberba e ostentação, se concentrou em palavras breves, olhares breves e, num toque, também ele, quase breve demais.
Sofri um assalto emocional… e a emoção permanece ainda...
Não atinjo, contudo, a sua total compreensão.
Não percebo a sua definição ou o seu porquê ou porque persiste...
-Sentes tudo -assim e tanto- porque és uma mulher extremamente sensível, afirmaram-me vezes sem conta na vida e, essa sensibilidade, teima em persistir e atingir-me com toda a carga e impacto do estigma que comporta. Sensível e reservada e solitária e distante e discreta e, sei lá...
Penso -ainda mais um pouco- sobre este 'assalto'.
Será que é do nosso inconsciente deixarmos as portas abertas ou as janelas ou seja lá o que for …qualquer metáfora serve, poros por exemplo, na mente e na pele?
Será que quando mais nos sentimos desprotegidos de ideias, de expectativas, de sonhos e de afectos, mais vulneráveis ficamos a inesperados? Ou, simplesmente, ocorre porque chegámos à solidão mais profunda do nosso fundo?
Nesses momentos, tão despojados, estremecemos então, perante o súbito daquilo que nos faz sentir Gente, de novo.
E, num rompante, pressentimos qualquer coisa cá-dentro, inquietação que nasce ou tão somente mexe. Mas também medo, muito medo!
De novo vivos ou, talvez e apenas, vislumbrando assomos de vida, porventura certos de que a Natureza se vai cumprindo?