quarta-feira, 23 de abril de 2014

..."e por vezes"...



































lembro sempre David quando escrevo “por vezes”…  


”e por vezes”… 
e por vezes gasto-me nos dias… 
e por vezes, aflijo-me com razão…
sem razão, por vezes… 
e por vezes, não sei que pensar ou sentir…
ou dizer…
ou apenas o que fazer…
e fico, assim! quieta no tempo 
estagnada na ideia 
em hibernação quase consentida
ou induzida, talvez! 
porque, por vezes há dias que não compreendo
os dias (ou a mim) 
eu (ou os dias) 
sem qualquer sentido apurado, 
acertado
ou apenas alinhado… 
o coração não vibra com o habitual,
o pensamento não se deslumbra com a simplicidade…
o pardal não alegra… 
o sol não brilha por dentro… 
a flor não tem viço...
o sorriso perde vigor…
a palavra, letras e conteúdo…

por vezes, não compreendo significâncias… 
e, não sei sequer, se isso é triste…
não sei bem o que é…
qualquer coisa, decerto…
mas não sei o que é…
nem melancólico, nem alegre…
apenas coisa amorfa, sem dimensão…

um abismo entre mim e o resto…  
ou entre mim e mim própria…
e em que não me incito tão somente a Ser…

e não sou ar nem sou terra,
nem sou mar, nem sou verde! 

lembro sempre David quando escrevo “e por vezes”!


Ana
Souto deMatos


Dois Universos
uma tela deMatos


(colecção particular - Coimbra)


2 comentários:

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.