sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

O TEMPLO...


Muitos refugiam-se na Igreja para encontrar a serenidade do seu Deus. Não contesto. Cada um tem a sua forma de se chegar perto!

Há muito que o meu templo de Paz é a Natureza, simultaneamente, espaço e divindade, assumindo género feminino na acepção, lugar amplo -sem fronteiras de janelas, teto ou chão- extensão profusa de vida.

Sou uma privilegiada, não preciso de calcorrear grandes caminhos para encontrar dessa paz que só a Natureza-Mãe me sabe conferir.

Basta-me –quase ao lado dos quotidianos- prosseguir ao encontro da serra, com a sua floresta e rios. Então, aí, longe por algumas horas de qualquer assomo de vida humana, calcorreando caminhos, veredas, atalhos e trilhos quase indecifráveis, encontro-me com o mais telúrico, criando lugar para a reflexão, para o sentido mais despojado, para a compreensão mais simples do mundo.

Posso, então, absorver do que me envolve e criar dentro de mim, energia para algum entendimento da minha própria natureza, quiçá, para algum entendimento da própria Humanidade.

Depois, imbuída do azul e verde, apanágio dos regatos e das árvores, do orvalho e da clorofila, regresso -por fim- aos circuitos de todos os dias com mais de mim, porventura, um pouco renovada, para então -melhorada na minha própria versão- me partilhar com os que me rodeiam.




RETROSPECTIVA...

Olho para trás…
quase 365 dias antecedem o dia de hoje…
Inevitavelmente, recordo-os…
quase um a um…
os dias bons
os dias muito bons
os dias maus
os terrivelmente maus
aqueles sem qualquer história especial…
.
Observando bem uma boa parte do meu ano
saltaria de bom grado, afoita e veloz, a linha da minha vida
assim à laia de regato que se ultrapassa de uma assentada só
não se desejando molhar o pé na água gélida…
.
           [[porventura serei injusta…
           quantas manifestações de carinho ou simplesmente de apreço perderia
           quantas vivências, experiências, cumplicidades, descobertas…
           ou apenas o processo de reaprender a Ser…
           Evitaria porém algum sofrimento
           a dor da perda
           a tristeza e a solidão de alguns dias
           as palavras justas ou injustas que se ouviram ou proferiram
           as ideias mal formadas, as dúvidas, as inseguranças, os insucessos…]]
.
Olho para os 365 dias que antecedem o dia de hoje e,
não conseguindo de todo evitar,
balanço sobre os tempos mais ou menos longos, mais ou menos breves
num limbo desconcertante ou
talvez
numa espiral que rodopia incessantemente e me deixa afogueada
.
O que senti?
O que mudei nos outros?
O que fiz?
De que gostei?
O que recebi?
O que mudei em mim?
Como me dei?
.
Faço um balanço e tento descortinar
um momento -verdadeiramente Bom!-
nos 365 dias do meu ano
um momento único
meu, só meu
.
Descubro-O!
De tão simples, quase nada para contar!
A melodia suave e envolvente…
A penumbra reconfortante, também…
O calor acolhedor…
A ternura do acalento…
E sobretudo a Paz, quase palpável de tão presente!
.
Olho esses momentos breves com olhos de saborear…
Senti-me Feliz nesses instantes fugazes,
tão leve… sem pressões no coração,
sem pensamentos duros, sem mágoas…
leve…
tão leve de tudo…
que não e apenas
a melodia suave,
a penumbra reconfortante,
o calor acolhedor,
a ternura do acalento
a partilha do próprio momento…
tão leve de tudo
talvez até, de nada em especial!
.
Olho os meus (quase) últimos 365 dias e elejo um momento eterno
que de tão simples, tão singelo
e, afinal, tão especial
quase nada tenho para contar!


(texto adaptado e revisto-2016)

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

...o último estertor...



...Amor filial.... (ainda e sempre a Poesia dos meus cogumelos)



...quando a Natureza é uma tela...




























- ALMA SERRANA - A Urze Rosa


 Do rosa ao roxo,
como se a vida se vivesse numa só estação...

Florir-me, suave e pura
–tão suave, tão pura-

Abrir-me em tons fortes...seduzindo com o meu ar maduro
Quem esvoaça em meu redor em busca dos segredos que encerro...

Perder-me no Verão
-e na vida-,
já carregando a cor forte e escura de quem
absorveu a sabedoria que é a dos montes e a do vento...
a das cabras e das abelhas.

A da chuva e a do sol intenso...








...delicadeza...


(ainda e sempre) a insustentável leveza do Ser...


...os meus cogumelos têm Poesia... (18)


Linha de Vida...(64)... orgulhosamente perfiladas ao sol...


sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Outono (2)

um olhar ao natural sobre o Outono...
(ou... como as cores 
de Outono se bastam a si mesmas!!!)


sexta-feira, 7 de outubro de 2016

...diálogos... (1)







































-Estás triste? - a Amiga perguntou.
-Mas... vê-se? - questionou.


A Amiga com receio de indiscrição atalhou o assunto.
-Não sei. Pareceu-me! Assim... o olhar perdido no horizonte.

Por uns momentos, ela calou os motivos dentro de si.
-Pois...estou, efectivamente, triste!

Calou-se de novo, por uns segundos e continuou.
-Cá bem dentro, enraizada... a tristeza! Tento não mostrar mas, por vezes, a disciplina esmorece.

A Amiga pensou compreender.

...inalcançável...

olho o horizonte e (des)encontro-te...

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Está SOL!!!

A imprudência de deixar o coração à solta, por si, sem freio que lhe contenha a impulsividade.
Não se deve sentir demais.
Não se deve ter ideias, necessidades, sonhos.
Não se deve deixar que a alegria dos momentos nos confunda.
É quase imoral deixarmo-nos levar pelo que imaginamos poderem ser ou vir a ser caminhos suaves.
Não existe suavidade. Só a regra dos dias, um após o outro.
Domemos o pensamento. Sejamos racionais.
Amputemos emoções que se soltam sem nexo.
Deixemos morrer à mingua de água, as sementes que lançámos à terra. Não as alimentemos. Não lhe confiramos sentidos que não existem. Porque nada tem sentido. Porque nada é válido. Apenas momentos que se vivem sem que, na verdade, lhe queiramos conferir significados. Apenas momentos que se usufruem para colmatar vazios e cumprir o espaço de vida.
Não, não sejamos imprudentes. A imprudência cria mágoa, ou mágoas, mais do que uma e em departamentos diversos de nós. E nós estamos tão fartos de mágoas que já não ousamos querer o que quer que seja para além da banalidade dos dias.
Já não ousamos ser de forma diferente. Perdemos essa capacidade. E, quando irreflectida e precipitadamente, ainda temos essa veleidade, criamos arrependimentos em nós que transformam num ápice esse ‘que quer que seja’ em algo difuso.
Não há caminho que desejemos percorrer, apenas espaços que pretendemos preencher e ocupar, porque há uma vida que tem de ser vivida obrigatoriamente, sem volta a dar.
A insensatez da emoção tem de ser vergada. Que sentido tem o sentido do que se sente?
Não, não criemos ilusões.
Nada É!
Nunca!

Voltemos à fórmula dos dias em nós. Só em nós. Só dentro de nós. Basta que nos defraudemos sozinhos. Não metamos mais ninguém ao barulho silencioso ou ao silêncio ensurdecedor daquilo que somos cá dentro. Constranjamos a intranquilidade do ser, à cerca formada pela pele.
E, fiquemos quietos. Que não existam interferências. Não existindo, contamos connosco, só connosco cá dentro, em dias que podem ser cheios ou insípidos mas apenas definidos à luz daquilo que somos.
Para quê mais? Cumpram-se os dias. A vida é um mero ciclo de noites e de dias. Só isso!
Apesar do que afirmamos recorrentemente em frases que se banalizam. Frases daquelas em que afirmamos numa ousadia insensata, desejar a felicidade e a definimos como algo transcendente e único, que inventamos ou fingimos até, a sua busca num afã incessante de formigas em corropio.
Será que é demais pedir um pouco mais da vida? Só um pouco mais, para variar?
Que contra senso, não é? Entre a afirmação convicta e a vida sem convicção.


Depois de tudo, sabem que mais? Está sol!
Essa, a única certeza que é mesmo, mas mesmo, muito feliz!

                                                                                   em "qualquer-coisa-de-quê!"

domingo, 29 de maio de 2016

'Palavras Perdidas'

Para onde vão as 'Palavras' que não proferimos?
Como se (me) desgastam?
Como se (me) consomem?



(e os sentimentos? Os sentimentos para onde vão?)

terça-feira, 24 de maio de 2016

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.