sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

RETROSPECTIVA...

Olho para trás…
quase 365 dias antecedem o dia de hoje…
Inevitavelmente, recordo-os…
quase um a um…
os dias bons
os dias muito bons
os dias maus
os terrivelmente maus
aqueles sem qualquer história especial…
.
Observando bem uma boa parte do meu ano
saltaria de bom grado, afoita e veloz, a linha da minha vida
assim à laia de regato que se ultrapassa de uma assentada só
não se desejando molhar o pé na água gélida…
.
           [[porventura serei injusta…
           quantas manifestações de carinho ou simplesmente de apreço perderia
           quantas vivências, experiências, cumplicidades, descobertas…
           ou apenas o processo de reaprender a Ser…
           Evitaria porém algum sofrimento
           a dor da perda
           a tristeza e a solidão de alguns dias
           as palavras justas ou injustas que se ouviram ou proferiram
           as ideias mal formadas, as dúvidas, as inseguranças, os insucessos…]]
.
Olho para os 365 dias que antecedem o dia de hoje e,
não conseguindo de todo evitar,
balanço sobre os tempos mais ou menos longos, mais ou menos breves
num limbo desconcertante ou
talvez
numa espiral que rodopia incessantemente e me deixa afogueada
.
O que senti?
O que mudei nos outros?
O que fiz?
De que gostei?
O que recebi?
O que mudei em mim?
Como me dei?
.
Faço um balanço e tento descortinar
um momento -verdadeiramente Bom!-
nos 365 dias do meu ano
um momento único
meu, só meu
.
Descubro-O!
De tão simples, quase nada para contar!
A melodia suave e envolvente…
A penumbra reconfortante, também…
O calor acolhedor…
A ternura do acalento…
E sobretudo a Paz, quase palpável de tão presente!
.
Olho esses momentos breves com olhos de saborear…
Senti-me Feliz nesses instantes fugazes,
tão leve… sem pressões no coração,
sem pensamentos duros, sem mágoas…
leve…
tão leve de tudo…
que não e apenas
a melodia suave,
a penumbra reconfortante,
o calor acolhedor,
a ternura do acalento
a partilha do próprio momento…
tão leve de tudo
talvez até, de nada em especial!
.
Olho os meus (quase) últimos 365 dias e elejo um momento eterno
que de tão simples, tão singelo
e, afinal, tão especial
quase nada tenho para contar!


(texto adaptado e revisto-2016)

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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

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