Numa cadência ao compasso dos dias, as palavras silenciaram-se…
...primeiro as mais impetuosas, depois as mais expressivas, por fim e até as mais banais.
Não acabaram as suas vontades de-ser-mais-além, não esgotaram os seus conteúdos, não se invalidaram as suas verdades… apenas e, tão somente, se emudeceram.
A escuridão não cobriu os dias, nem a falta de esperança, nem sequer o desejo de observar o mundo…
Apenas se silenciaram as palavras, deixando de ser ufanas de intenções vaidosas, de desejo de compreensão na íntegra…
Perderam vontade de entendimento alheio, fecharam-se em si próprias e na sua própria compreensão, aumentando-se de sentidos interiores, imbuíndo-se de significados nas sinuosidades das letras, acalmando impulsos e ímpetos de ser ouvidas a todo e qualquer custo.
Calaram-se as palavras...
e, num acto de simplicidade extrema, cerraram-se num ócio tranquilo de quem regressa ao colo uterino e deseja voltar a ser semente para mais tarde –talvez mais tarde- voltar a nascer.