domingo, 24 de janeiro de 2016

SILÊNCIO (2)

Numa cadência ao compasso dos dias, as palavras silenciaram-se… 
...primeiro as mais impetuosas, depois as mais expressivas, por fim e até as mais banais.

Não acabaram as suas vontades de-ser-mais-além, não esgotaram os seus conteúdos, não se invalidaram as suas verdades… apenas e, tão somente, se emudeceram.

A escuridão não cobriu os dias, nem a falta de esperança, nem sequer o desejo de observar o mundo…

Apenas se silenciaram as palavras, deixando de ser ufanas de intenções vaidosas, de desejo de compreensão na íntegra…

Perderam vontade de entendimento alheio, fecharam-se em si próprias e na sua própria compreensão, aumentando-se de sentidos interiores, imbuíndo-se de significados nas sinuosidades das letras, acalmando impulsos e ímpetos de ser ouvidas a todo e qualquer custo.


Calaram-se as palavras...
e, num acto de simplicidade extrema, cerraram-se num ócio tranquilo de quem regressa ao colo uterino e deseja voltar a ser 
semente para mais tarde –talvez mais tarde- voltar a nascer.




1 comentário:

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.