Reciprocidade!
domingo, 10 de agosto de 2025
quinta-feira, 3 de julho de 2025
Presságio
como quem escorrega docemente por um abismo sonhado.
O teu olhar — não o teu rosto, nem a tua voz —
o teu olhar foi o que me afogou, sem aviso,
como um mar que decide abraçar a arriba cansada.
nem do riso, nem das luzes ou das sombras,
ou, sequer, da dor escondida sob os gestos.
Mas soube!
Soube com o corpo inteiro,
com a minha alma que já não nada esperava,
que tinhas em ti uma resposta antiga
para uma pergunta que nunca ousei fazer!
O teu olhar tocou-me como quem reconhece,
como quem lembra sem nunca ter vivido.
E, naquele breve roçar dos teus dedos no meu braço,
houve um silêncio que gritou dentro de mim.
Retratei-me.
Não por medo,
mas porque percebi que algo começava ali,
mas eu ainda era inverno.
vento quente, um ponto de luz num deserto sem mapa.
E, mesmo sem saber se voltaria a ver-te,
guardei-te no lugar onde nascem os milagres.
terça-feira, 3 de junho de 2025
Disciplina!
Ando com medo de escrever...
segunda-feira, 2 de junho de 2025
Há momentos...
"Há momentos na vida, quando o nosso coração está tão cheio de emoção que, se por acaso ele é agitado por alguma palavra descuidada, essa emoção transborda, como um segredo que se revela perante os nossos olhos..."
domingo, 25 de maio de 2025
sábado, 17 de maio de 2025
O telefonema...
Olá Maria. Obrigada por me telefonares. Obrigada por te preocupares. Obrigada por estares sempre aí para mim. Desculpa o meu silêncio. Não tenho andado muito bem.
Não te quero aborrecer com as minhas fragilidades. Não é nada de especial.
Está bem, eu falo.
Sabes, às vezes queria mais da
Vida. Sei lá, queria alguém ao lado para me acompanhar o olhar e o sentir, para
me fazer crescer como pessoa e mulher, para me falar e me escutar histórias
sobre tudo e nada, para partilhar silêncios e cumplicidades, para dar a mão, para
rir, para abraçar e nos confortarmos. Coisas dessas, percebes?
Não exijo da vida mais do que
partilhar o melhor de cada um.
Talvez dependa só de mim. Mas já
não acredito nessa premissa. Cheguei à conclusão há muitos, muitos anos atrás
que não sou o estilo de alguém.
E a vida, vez e outra, força-me
aos dias iguais, aos sentimentos iguais, àquela banalidade implícita na rotina,
nas vivências recorrentes, pese embora eu me force a mudar a forma como olho os
acontecimentos, as coisas, as pessoas.
Às vezes queria mais Vida, Maria!
Mas como alterar o ciclo? Aquele que não nos pede opinião, que nos exige
presença e responsabilidade, mas que não nos confere estatuto de especial,
diferente, única na vida de alguém?
Talvez seja de mim, só de mim.
Afasto as pessoas com a minha forma de ser, a minha independência, a minha
profundidade, o meu pensamento. Mas é tão estranho, porque sou tão simples de
agradar. Basta olharem-me com Ternura e vontade de conhecer. E ficarem por
perto. Não sou exigente. Não quero nós nem amarras, apenas laços, apenas
afecto.
E os anos a passar num ritmo
frenético sem deixar grandes marcas, daquelas que queremos valorizar como memórias
gratas. O tempo não nos dá tempo para saborear os momentos. À minha volta vejo
pessoas que se vão encaixando em relações mais ou menos felizes enquanto eu
permaneço nesta solidão que tanto aprecio, confesso, mas que também renego e me
faz triste.
Já sei que me vais dizer que sou
exigente. Não tem a ver com o aspecto, ou com o estatuto, ou a inteligência.
Sim, tudo isso é importante para criar algo com alguém, mas a questão é que eu
nem dou espaço para que alguém se aproxime, porque à partida não sinto qualquer
ligação. Olho em volta e não há ninguém por quem eu sinta a mínima atracção que
seja. Talvez porque tenha medo, ou tenha a certeza, que mesmo que sentisse não
daria em nada. Não sou o estilo de ninguém.
Já sei o que me vais afirmar: que
sou tola por sentir assim, que sou bonita e ainda jovem, que tenho tanta vida à
minha frente. Já sei de cor as tuas palavras. Mas o tempo passa Maria, o tempo
passa e eu finjo ter paciência como naquela melodia brasileira. Mas por dentro,
o meu pensamento é ebulição em circuito fechado e isso magoa muito, porque me
faz sentir inútil.
Não abanes a cabeça, já sei o que
pensas, que podia dar hipótese a este ou aquele, que deveria baixar os meus
parâmetros. Já me enganei redondamente no passado, não vou fazer de novo os
mesmos erros: valorizar quem não me valoriza, dar muito mais do que recebo. Não
pode ser assim. Quero reciprocidade. Que me olhem e não condescendam. Que
estejamos à altura um do outro. Que nos façamos rir mutuamente. Que tenhamos a
mesma forma de ver e sentir as coisas. Porque é tão complicado?
Lá vais vens tu com essa ideia da
‘auto-estima’. Sim, por vezes a minha auto-estima arrasta-se pelo chão, como
não se arrastar quando me sinto tão pouco amada ou nada-amada? Por alguém! Por
ninguém! Outras vezes consigo ser equilibrada, nunca soberba!
Tu sabes, Maria, tu sabes isto
tudo. É um vazio tão grande que tento colmatar valorizando os outros, os
conhecidos, os amigos, a comunidade. Dou o que tenho e o que não tenho. A
alegria, o sorriso, a gentileza. Canalizo todas as energias para isso, porque
se calhar já perdi a esperança para mim própria. Há anos que assim acontece.
Anos e anos e anos.
Espera um pouco, deixa-me chorar
um bocado. Ultimamente choro mais. As lágrimas soltam-se mais facilmente, com
tudo e com nada. Sempre susceptível, sempre infeliz com a humanidade que se
degrada em meu, nosso redor. O mundo à volta não ajuda, com tanto egocentrismo,
guerra, ódio, sede de poder.
Obrigada pelo teu carinho. Não
sei o que faria sem ti. Tenho, todos os dias, saudades do teu abraço terno de
irmã. O teu abraço faz-me bem e dá-me alguma força para persistir.
Mas, Maria, não sei explicar! Será
que não há alguém que simplesmente surja e me cative o olhar e que, por benesse
do destino, também se afunde no meu olhar e goste de mim?
Está bem, Maria, acena a cabeça e
diz que sou eu que não sei observar os sinais. Não sei! Assumo. A minha
história de vida não me deu espaço para esse ensinamento, para aprender essas
malícias naturais de mulher. Tudo me passa ao lado.
Da vida, só queria amar e ser
amada, ao mesmo tempo!
Olha Maria, não consigo dizer
mais nada, vou desligar o telefone.
Não te preocupes eu vou refugiando-me nos meus sonhos. Amanhã
falamos!
Beijo terno.
Imagem: IA/Canva
quinta-feira, 15 de maio de 2025
resposta?!...
sexta-feira, 28 de março de 2025
...um assalto emocional...
SOFRI UM ASSALTO EMOCIONAL
Sinto-a, como certa e adequada, colando-se à pele e ao pensamento.
Toca-me o facto de ter ocorrido quase por acaso...tanto a sua leitura quanto a dimensão do seu significado, neste frémito constante que me altera os compassos arteriais.
Recordo-me até o momento fugaz desse sentir... num espaço em que o barulho de sons alternando com as cores e luzes intensas, a profusão quase assustadora de pessoas em mesclas de soberba e ostentação, se concentrou em palavras breves, olhares breves e, num toque, também ele, quase breve demais.
Sofri um assalto emocional… e a emoção permanece ainda...
Não atinjo, contudo, a sua total compreensão.
Não percebo a sua definição ou o seu porquê ou porque persiste...
-Sentes tudo -assim e tanto- porque és uma mulher extremamente sensível, afirmaram-me vezes sem conta na vida e, essa sensibilidade, teima em persistir e atingir-me com toda a carga e impacto do estigma que comporta. Sensível e reservada e solitária e distante e discreta e, sei lá...
Penso -ainda mais um pouco- sobre este 'assalto'.
Será que é do nosso inconsciente deixarmos as portas abertas ou as janelas ou seja lá o que for …qualquer metáfora serve, poros por exemplo, na mente e na pele?
Será que quando mais nos sentimos desprotegidos de ideias, de expectativas, de sonhos e de afectos, mais vulneráveis ficamos a inesperados? Ou, simplesmente, ocorre porque chegámos à solidão mais profunda do nosso fundo?
Nesses momentos, tão despojados, estremecemos então, perante o súbito daquilo que nos faz sentir Gente, de novo.
E, num rompante, pressentimos qualquer coisa cá-dentro, inquietação que nasce ou tão somente mexe. Mas também medo, muito medo!
De novo vivos ou, talvez e apenas, vislumbrando assomos de vida, porventura certos de que a Natureza se vai cumprindo?
quarta-feira, 26 de março de 2025
Repetidamente.... (Linha de Vida)
linhas precisas
ramos tortuosos
luz e sombra
domingo, 16 de março de 2025
sábado, 22 de fevereiro de 2025
Autoria e Agradecimento
Todos os direitos estão reservados.
São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.