terça-feira, 3 de junho de 2025

Disciplina!

Ando com medo de escrever...

Medo de libertar, impulsivamente, as ideias que há dois meses me fervilham o pensamento e os sentidos. De as transformar em palavras que, escritas, não podem ser ignoradas. 
Medo de que, soltas, cresçam por si, se tornem verdade incontornável perante os meus olhos e, eu, deixe de lhes ter controlo. 

Ando com medo de escrever!


segunda-feira, 2 de junho de 2025

Há momentos...

"Há momentos na vida, quando o nosso coração está tão cheio de emoção que, se por acaso ele é agitado por alguma palavra descuidada, essa emoção transborda, como um segredo que se revela perante os nossos olhos..." 

domingo, 25 de maio de 2025

sábado, 17 de maio de 2025

O telefonema...

 












Olá Maria. Obrigada por me telefonares. Obrigada por te preocupares. Obrigada por estares sempre aí para mim. Desculpa o meu silêncio. Não tenho andado muito bem.

Não te quero aborrecer com as minhas fragilidades. Não é nada de especial.

Está bem, eu falo. 

Sabes, às vezes queria mais da Vida. Sei lá, queria alguém ao lado para me acompanhar o olhar e o sentir, para me fazer crescer como pessoa e mulher, para me falar e me escutar histórias sobre tudo e nada, para partilhar silêncios e cumplicidades, para dar a mão, para rir, para abraçar e nos confortarmos. Coisas dessas, percebes?

Não exijo da vida mais do que partilhar o melhor de cada um.

Talvez dependa só de mim. Mas já não acredito nessa premissa. Cheguei à conclusão há muitos, muitos anos atrás que não sou o estilo de alguém.

E a vida, vez e outra, força-me aos dias iguais, aos sentimentos iguais, àquela banalidade implícita na rotina, nas vivências recorrentes, pese embora eu me force a mudar a forma como olho os acontecimentos, as coisas, as pessoas.

Às vezes queria mais Vida, Maria! Mas como alterar o ciclo? Aquele que não nos pede opinião, que nos exige presença e responsabilidade, mas que não nos confere estatuto de especial, diferente, única na vida de alguém?

Talvez seja de mim, só de mim. Afasto as pessoas com a minha forma de ser, a minha independência, a minha profundidade, o meu pensamento. Mas é tão estranho, porque sou tão simples de agradar. Basta olharem-me com Ternura e vontade de conhecer. E ficarem por perto. Não sou exigente. Não quero nós nem amarras, apenas laços, apenas afecto.

E os anos a passar num ritmo frenético sem deixar grandes marcas, daquelas que queremos valorizar como memórias gratas. O tempo não nos dá tempo para saborear os momentos. À minha volta vejo pessoas que se vão encaixando em relações mais ou menos felizes enquanto eu permaneço nesta solidão que tanto aprecio, confesso, mas que também renego e me faz triste.

Já sei que me vais dizer que sou exigente. Não tem a ver com o aspecto, ou com o estatuto, ou a inteligência. Sim, tudo isso é importante para criar algo com alguém, mas a questão é que eu nem dou espaço para que alguém se aproxime, porque à partida não sinto qualquer ligação. Olho em volta e não há ninguém por quem eu sinta a mínima atracção que seja. Talvez porque tenha medo, ou tenha a certeza, que mesmo que sentisse não daria em nada. Não sou o estilo de ninguém.

Já sei o que me vais afirmar: que sou tola por sentir assim, que sou bonita e ainda jovem, que tenho tanta vida à minha frente. Já sei de cor as tuas palavras. Mas o tempo passa Maria, o tempo passa e eu finjo ter paciência como naquela melodia brasileira. Mas por dentro, o meu pensamento é ebulição em circuito fechado e isso magoa muito, porque me faz sentir inútil.

Não abanes a cabeça, já sei o que pensas, que podia dar hipótese a este ou aquele, que deveria baixar os meus parâmetros. Já me enganei redondamente no passado, não vou fazer de novo os mesmos erros: valorizar quem não me valoriza, dar muito mais do que recebo. Não pode ser assim. Quero reciprocidade. Que me olhem e não condescendam. Que estejamos à altura um do outro. Que nos façamos rir mutuamente. Que tenhamos a mesma forma de ver e sentir as coisas. Porque é tão complicado?

Lá vais vens tu com essa ideia da ‘auto-estima’. Sim, por vezes a minha auto-estima arrasta-se pelo chão, como não se arrastar quando me sinto tão pouco amada ou nada-amada? Por alguém! Por ninguém! Outras vezes consigo ser equilibrada, nunca soberba! 

Tu sabes, Maria, tu sabes isto tudo. É um vazio tão grande que tento colmatar valorizando os outros, os conhecidos, os amigos, a comunidade. Dou o que tenho e o que não tenho. A alegria, o sorriso, a gentileza. Canalizo todas as energias para isso, porque se calhar já perdi a esperança para mim própria. Há anos que assim acontece. Anos e anos e anos.

Espera um pouco, deixa-me chorar um bocado. Ultimamente choro mais. As lágrimas soltam-se mais facilmente, com tudo e com nada. Sempre susceptível, sempre infeliz com a humanidade que se degrada em meu, nosso redor. O mundo à volta não ajuda, com tanto egocentrismo, guerra, ódio, sede de poder.

Obrigada pelo teu carinho. Não sei o que faria sem ti. Tenho, todos os dias, saudades do teu abraço terno de irmã. O teu abraço faz-me bem e dá-me alguma força para persistir.

Mas, Maria, não sei explicar! Será que não há alguém que simplesmente surja e me cative o olhar e que, por benesse do destino, também se afunde no meu olhar e goste de mim?

Está bem, Maria, acena a cabeça e diz que sou eu que não sei observar os sinais. Não sei! Assumo. A minha história de vida não me deu espaço para esse ensinamento, para aprender essas malícias naturais de mulher. Tudo me passa ao lado.

Da vida, só queria amar e ser amada, ao mesmo tempo!

Olha Maria, não consigo dizer mais nada, vou desligar o telefone.
Não te preocupes eu vou refugiando-me nos meus sonhos. Amanhã falamos!
Beijo terno.

Imagem: IA/Canva

quinta-feira, 15 de maio de 2025

resposta?!...


de que servem a simpatia o olhar brilhante o riso fácil e aberto a vontade a ternura a dedicação o interesse o fulgor o ser o estar o querer de que servem a esperança os baques os ecos os requebros cá dentro de que servem o colorido a poesia o desejo a alegria de que servem as palavras que se escrevem tão lindas tão belas tão intensas tão inúteis de que servem os sentidos o afago a ebulição a lava a cautela o controlo a magia a emoção a intensidade o ardor o esquecimento de que servem a melancolia a alegria o abraço o vazio o tudo o nada a tranquilidade o regato o rio os rápidos a corrente a foz o mar as ondas a submersão o afogamento de que servem a confusão a certeza o torpor o sentimento a interiorização a resposta a tranquilidade o sentido das coisas de que servem a solidão a insegurança a estima a questão a dúvida a certeza o estímulo o significado a imaginação o cansaço a vivacidade o medo de que servem o esquecimento o carinho a doçura a luz o sonho a seiva o cerne o âmago a alma de que serve?


sexta-feira, 28 de março de 2025

...um assalto emocional...

 
Li por aí esta frase banal…

SOFRI UM ASSALTO EMOCIONAL

Sinto-a, como certa e adequada, colando-se à pele e ao pensamento.

Toca-me o facto de ter ocorrido quase por acaso...tanto a sua leitura quanto a dimensão do seu significado, neste frémito constante que me altera os compassos arteriais.

Recordo-me até o momento fugaz desse sentir... num espaço em que o barulho de sons alternando com as cores e luzes intensas, a profusão quase assustadora de pessoas em mesclas de soberba e ostentação, se concentrou em palavras breves, olhares breves e, num  toque, também ele, quase breve demais. 

Sofri um assalto emocional… e a emoção permanece ainda...

Não atinjo, contudo, a sua total compreensão.

Não percebo a sua definição ou o seu porquê ou porque persiste...

-Sentes tudo -assim e tanto- porque és uma mulher extremamente sensível, afirmaram-me vezes sem conta na vida e, essa sensibilidade, teima em persistir e atingir-me com toda a carga e impacto do estigma que comporta. Sensível e reservada e solitária e distante e discreta e, sei lá...

Penso -ainda mais um pouco- sobre este 'assalto'.

Será que é do nosso inconsciente deixarmos as portas abertas ou as janelas ou seja lá o que for …qualquer metáfora serve, poros por exemplo, na mente e na pele? 

Será que quando mais nos sentimos desprotegidos de ideias, de expectativas, de sonhos e de afectos, mais vulneráveis ficamos a inesperados? Ou, simplesmente, ocorre porque chegámos à solidão mais profunda do nosso fundo?

Nesses momentos, tão despojados, estremecemos então, perante o súbito daquilo que nos faz sentir Gente, de novo. 

E, num rompante, pressentimos qualquer coisa cá-dentro, inquietação que nasce ou tão somente mexe. Mas também medo, muito medo!

De novo vivos ou, talvez e apenas, vislumbrando assomos de vida, porventura certos de que a Natureza se vai cumprindo?



quarta-feira, 26 de março de 2025

Repetidamente.... (Linha de Vida)













linhas precisas

ramos tortuosos

luz e sombra

conceitos lineares

sentimentos tumultuosos
ideias desfocadas
pensamentos definidos
tanto se capta num só olhar
tanto se sente num preciso instante!

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.