como quem escorrega docemente por um abismo sonhado.
O teu olhar — não o teu rosto, nem a tua voz —
foi o que me afogou, sem aviso,
como um mar que decide abraçar a arriba cansada.
Nada conhecia de ti,
nem do riso, nem das luzes ou das sombras,
ou, sequer, da dor escondida sob os gestos.
nem do riso, nem das luzes ou das sombras,
ou, sequer, da dor escondida sob os gestos.
Mas soube!
Soube com o corpo inteiro,
com a alma que já não esperava nada,
que tinhas em ti uma resposta antiga
para uma pergunta que nunca ousei fazer!
O teu olhar tocou-me como quem reconhece,
como quem lembra sem nunca ter vivido.
E, naquele breve roçar dos teus dedos no meu braço,
houve um silêncio que gritou dentro de mim.
Retratei-me.
Não por medo,
mas porque percebi que algo começava ali
e eu ainda era inverno.
Foste presságio,
vento quente, um ponto de luz num deserto sem mapa.
E, mesmo sem saber se voltaria a ver-te,
guardei-te no lugar onde nascem os milagres.
vento quente, um ponto de luz num deserto sem mapa.
E, mesmo sem saber se voltaria a ver-te,
guardei-te no lugar onde nascem os milagres.
Foto: ASM "uma espécie de alvorada"
Sem comentários:
Enviar um comentário