Estas páginas foram escritas a caminhar sobre a água. E só assim se podem ler. Não procurei nada. Não retive nada. Limitei-me a acusar o choque –brutal, por vezes- de um grão de pólen ou de uma brisa inesperada.
Não conheço outro ritmo que não seja o das estações. Outra música que não a das gotas de chuva nos limoeiros. Outra fuga que não a de um pássaro assustado com a sua própria sombra.
No fundo, o que me recuso a acreditar é que estejamos condenados. Apesar dos prados envenenados, da lenta agonia dos rios e do mar. Da atmosfera cada vez mais carregada das cidades.
Contando que a poesia seja
-continue a ser-
um lugar
onde ainda se pode
respirar
Não conheço outro ritmo que não seja o das estações. Outra música que não a das gotas de chuva nos limoeiros. Outra fuga que não a de um pássaro assustado com a sua própria sombra.
No fundo, o que me recuso a acreditar é que estejamos condenados. Apesar dos prados envenenados, da lenta agonia dos rios e do mar. Da atmosfera cada vez mais carregada das cidades.
Contando que a poesia seja
-continue a ser-
um lugar
onde ainda se pode
respirar
ainda de Jorge de Sousa Braga, Balas de Polén, 2001