segunda-feira, 30 de abril de 2007

Em azul...



Em azul...
do mar?!

- Serei grumete?
- Comandante?

Do céu?!

- Serei pássaro?
- Nuvem?
- Simplesmente aragem?

Ou dos olhos
Que me contemplam
Com amor?!

De azul...
Visto o meu corpo
E o meu sentimento

E é ar
E é imensidão...
E perco-me em voo de liberdade
No espaço
No tempo
Na vida

Em azul...
Da água?!
Que bebo
E me sacia

Ou dos olhos
Que me afagam
Onde mergulho
Onde me afogo?


sexta-feira, 27 de abril de 2007

Faltava o xisto...



Faltava o xisto

Essa pedra negra que completa o puzzle
Que sou eu,

que é esta ligação íntima com a montanha
esta relação cúmplice
de mulher que
assumiu a serra como sua

este elo com a natureza
esta alma intensa, mas porventura agreste
dobrada pela vida

O xisto, negra rocha da lousa lascada das telhas, dos quadros polidos de escola…
a pedra em que por vezes me transformo,
por fora
só por fora

só às vezes.

Sentir TUDO

Gosto que o meu coração pule do peito
Bata com a força dos tambores em dia de festa

Tam-tam… tam-tam-tam…
-consegues ouvir?-

Sinta com vivacidade
Com cor, com cheiro, com sabor, com alma de grandes feitos
Cresça desmesuradamente

Tão grande, tão grande,

Até não caber mais no meu tórax, no espaço do meu corpo
Até emanar por todos os poros o que está lá dentro
E ficar à vista de todos, de qualquer um, de ti

-vermelho, pulsante, vivo-

Aquilo que sou, aquilo que sinto.

Alma serrana.... -A Serra-


Porque me olham e repartem
E dividem
Como homens esfaimados?


Desvendam-me
Exploram-me
Usam-me os sentidos.


Permaneço, porém, ainda misteriosa
Inexplorada,
Virgem, até
Ao dia em que me olhem
E sintam
Com o respeito de quem ama.



Há poesia nos meus cogumelos (9)...


Há poesia nos meus cogumelos (8)...


Há poesia nos meus cogumelos (7)...


Há poesia nos meus cogumelos (6)...


Há poesia nos meus cogumelos (5)...


Há poesia nos meus cogumelos (4)...


Há poesia nos meus cogumelos (3)...


Há poesia nos meus cogumelos (2)...


quinta-feira, 26 de abril de 2007

Há poesia nos meus cogumelos!


não há obsessão neste olhar sobre cogumelos
nem atracção -sequer- pela sua forma fálica!
porventura a sua extrema semelhança com a vida,
com a própria essência da vida
com a perversão de não sabermos se os nossos passos nos atraem para o abismo
com a fatalidade da sua beleza
com o perigo do seu ar etéreo, frágil, às vezes quase diáfano

apesar do perigo implícito
os meus cogumelos têm poesia…

Alma serrana.... a esteva

No solo agreste
Eu sou pedra branca
Entre pedras negras.

Alma serrana.... o feto real







































Tão real e altivo quanto
Os campos que povoa são
Plebeus e simples!
Campos de gente rude que
Empata a vida a ver crescer as árvores,
a ver morrer as árvores,
sem delas tirar proveito.

Alma serrana.... a dedaleira

Poc-poc…poc-poc…
São estalinhos? Ou estalidos?
-Ou gemidos?-
da flor ao sentir-se esmagada?

Abre-e-fecha…Abre-e-fecha
Para-cima, para-baixo
Faz boquinhas de sorriso?
Ou esgares desvairados?

Amarela ou rosada
As cores da dedaleira
Enchem de gáudio o planalto
Mas sofre
–de que maneira!-
Por a acharem engraçada!

Alma Serrana.... o cardo


Os cardos que encontro no caminho
tão agressivos ao tacto –tão ariscos-
mas
-mesmo assim-
Com uma beleza que não sobressai ao primeiro olhar
-diriam genuína, assaz rude, assaz pura-
Poderiam ser o símbolo da alma serrana
Que não se vende, que não se dá
Sem prova de confiança ou lealdade
Como a relação íntima com a natureza
Em que os espinhos não picam, mas protegem

Alma Serrana.... a urze rosa

 Do rosa ao roxo,
como se a vida se vivesse numa só estação...

Florir-me, suave e pura
–tão suave, tão pura-

Abrir-me em tons fortes...seduzindo com o meu ar maduro
Quem esvoaça em meu redor em busca dos segredos que encerro...

Perder-me no Verão
-e na vida-,
já carregando a cor forte e escura de quem
absorveu a sabedoria que é a dos montes e a do vento...
a das cabras e das abelhas.

A da chuva e a do sol intenso...

Alma Serrana.... a urze rosa

 Do rosa ao roxo,
como se a vida se vivesse numa só estação...

Florir-me, suave e pura
–tão suave, tão pura-

Abrir-me em tons fortes...seduzindo com o meu ar maduro
Quem esvoaça em meu redor em busca dos segredos que encerro...

Perder-me no Verão
-e na vida-,
já carregando a cor forte e escura de quem
absorveu a sabedoria que é a dos montes e a do vento...
a das cabras e das abelhas.

A da chuva e a do sol intenso...

Alma Serrana.... a urze rosa

 Do rosa ao roxo,
como se a vida se vivesse numa só estação...

Florir-me, suave e pura
–tão suave, tão pura-

Abrir-me em tons fortes...seduzindo com o meu ar maduro
Quem esvoaça em meu redor em busca dos segredos que encerro...

Perder-me no Verão
-e na vida-,
já carregando a cor forte e escura de quem
absorveu a sabedoria que é a dos montes e a do vento...
a das cabras e das abelhas.

A da chuva e a do sol intenso...

Para entender, ou talvez não!

Os olhos têm de procurar o brilho perdido.
Têm de resplandecer e mostrar a beleza que possuem.
Procurar e recuperar a frescura dos adolescentes pensamentos,
quando a alma ainda não estava corrompida,
o pensamento gasto e o coração acumulado de esperanças, gordas!... cheias!... fartas!...
mas tão somente!

É um dever esta busca, uma obrigação e um compromisso.
Irem ao encontro da luz e charfurdarem-se nela até absorverem toda a sua claridade.

Sim, os olhos têm de absorver toda a luz possível.
Assumi-la.
Possui-la.
Transformá-la.
Reparti-la.
Comungá-la.
Partilhá-la.
Então, e só aí, terão cumprido a sua missão.

Maria da Serra Verde

Minha Serra Verde

Verde da história que escrevo nas suas folhas


Verde de natureza


Verde de mim, que vivo nela, para ela

Do mistério das lendas que a povoam e me povoam

Maria da Serra Verde

da esperança que existe em cada mulher
nesta mulher!


terça-feira, 24 de abril de 2007

Alma Serrana.... a urze branca






































Zunem em redor de mim
Cheiram-me e tocam-me
Levam-me consigo
Uma após outra
Num afã constante e insistente

Transformam em néctar escuro as minhas pálidas cores,
num paladar onde a doçura se esconde 
subtilmente 
na agressividade do travo,
-tal como a serra onde cresci ao sol tórrido e à neve gélida

E onde
um dia morrerei
feliz de ter cumprido o meu destino -

Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.