terça-feira, 15 de setembro de 2009

o papagaio de papel


E
se o meu peito se abrisse de par-em-par
e ele próprio fosse
uma janela aberta ao mundo?

E
se do meu peito rasgado não jorrasse sangue
nem se descortinassem músculos
ou sequer o coração
mas se transformasse, peça-a-peça
num enorme papagaio de papel?

E
se alguém –simplesmente-
cortasse a aorta como quem corta
o cordel do enorme papagaio de papel
em que se transformasse o meu peito?

E
se o meu peito transformado ave
se soltasse em direcção ao céu?
Livre, livre…

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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

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São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.