Sei lá que dizer, que pedir, que fazer, que ousar, que retribuir, que amansar, que explodir de ideias que podem ser pertinentes ou impertinentes consoante a perspectiva,a escala, a intensidade, os valores do aparelhómetro que se utilize para avaliar estas coisas que não têm expressão corrente, medidas em tabelas com referências-padrão bem sistematizadas e definidas.
Sei lá que pensar, que querer, que sonhar, que criar, que ver, que sentir de sentimentos que podem ser coloridos ou descoloridos, ricos ou pobres de quês, quando a medida certa é nenhuma ou melhor a medida certa é a medida de cada um, de cada ser que envolve os dias e que considera ter em si a verdade inabalável.
Sei lá em que meditar, em que acreditar, o que desejar quando o certo é o incerto e o incerto é o risco da decisão e a escolha nos deixa sempre um sabor a que podia ser de outro modo. E o risco, que é tão ténue, o do horizonte, o da vida, leia-se.
Benditos os que nada sonham, pois os dias lhes decorrem mais sólidos, sem fragilidades de quereres-mais-além, sem iniciativas de colorir o sol, aceitando a névoa ou o denso nevoeiro, a chuva ou o vento e frio gélido, o calor ou a brisa cálida.
Há mistérios insondáveis em mim e nos outros neste não-conhecer-o-cerne-mais-profundo-de-si-próprio-e-do-próximo. Há coisas sublimes e há coisas estranhas. Há choques que nos confrontam e abalam, que nos aprofundam o saber, que nos afundam a alegria, que nos enaltecem o vigor, que nos descodificam, que nos quebram, que nos harmonizam.
Sim, benditos os que nada sonham, os que cumprem apenas os dias, vivendo-os na magnífica simplicidade de não se manifestarem e revoltarem no próprio âmago, de não entranharem ideias de nuvens e de éter, de água, flutuação ou naufrágio, de fogo e ardor, de terra e raiz.
Sei lá que dizer, que pensar, que sentir…sei-lá-que-mais. Deveria ser, sei- lá-que-menos?
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