quarta-feira, 13 de abril de 2016

Há qualquer coisa-de-quê!

Há qualquer coisa de quê nisto dos sentires…
Qualquer coisa de perplexidade, de inevitabilidade e até de destino,
seja isso o que for ou represente na premeditada sequência do Tempo sobre os dias.

Há qualquer coisa de quê!...
um quê de indefinido,de certeza, de receio, de desejo,
de ternura, tanta, tanta… quando o toque é aquele pelo qual se aguardou,
paciente ou impacientemente, em todos os dias de antes,
aquele que se anseia no presente, na certeza de código decifrado.

Como compreender o assomo de carinho que, então, assalta o pensamento?
Como entender a consternação quando a pele se arrepia com
a mera ideia de existência em qualquer lugar do espaço de vida?
E o valor dos gestos simples?
Daqueles, de entendimento que se completa,
sem grandes rodeios ou palavras de justificação por modestamente existirem?
São sentidos, são sentimentos…
sentires que se conjugam num qual quê sem pretensão a explicação.

E não existe dor…
apenas perplexidade pela água em profusão que saciou o inóspito e
pelo olhar que contempla o Outro na ânsia de se entender a si próprio,
esperando do Outro as palavras e os gestos de compreensão do seu enigma.

Há qualquer coisa de brilhante na definição dos sentires.
Um brilho próprio, quando o sabor e o cheiro nos deixam o corpo e
acompanham quem os arrebatou para si.

Há algo de inabalável que empurra as mãos e as cola na pele,
aí nesse lugar onde se sente o coração a bater e a latejar.

Há qualquer tipo de inebriamento nos passos que nos conduzem ao precipício,
onde nos atiramos por vontade própria, na certeza de amparo no éter.

Mas não é a leveza que se anseia.
Não é a leveza…



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"Há qualquer coisa-de-quê!" 
poema que integra a Antologia Poética 'Entre o Sono e o Sonho', Chiado Editora



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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

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