Lisboa…
Passo dois dias na cidade grande, que conheço de cor, ruas palmilhadas vezes sem conta em vidas de outrora.
Sinto-me bem nesta cidade! Gosto do seu fluir, da diversidade humana que se cruza e entrecruza em quotidianos fervilhantes.
Sinto porém um quê de provinciano em mim em cada vinda.
Serrana assumida, a cidade grande surge apenas em fins-de-semana familiares para périplos culturais ou por obrigações profissionais, como é o caso.
Ultrapassadas estas, ouso permanecer mais uma noite contornando a rotina dos dias.
Porém, passada a euforia da decisão, cambaleio em dúvidas.
O serão decorre intranquilo e sem facilidades. É quase obrigatório partilhar o passado recente e este surge sofrido e duro. À minha volta pessoas sorriem, gargalham antevendo o fim-de-semana longo em noite que se espera de formato “king-size”.
Apesar da hora tardia que regresso ao hotel, a noite arrasta-se e pela manhã, bem cedo, encontro-me em frente ao rio, ansiando por um milagre que dê sentido ao momento, quem sabe? à própria vida.
O dia nasceu cinzento e as nuvens adensam-se num tom-sobre-tom do antracite ao cinza claro… no horizonte, descortino a custo onde termina o céu e começa a água. É uma manhã tranquila esta com que me deparo. Turistas passeiam por ali, senhoras de meia-idade caminham energicamente na calçada falando sobre os presentes de Natal, jovens atléticos percorrem o espaço em bicicleta num esforço contínuo de se manterem vigorosos e com ar viril.
Apesar do fervilhar da cidade grande que pressinto nas minhas costas e de ser constante a zoada de fundo, paira junto a mim um certo silêncio tranquilizador.
Um barco na doca parte ao som de uma sineta insistente para um passeio pelas margens do rio. Ouço risos alegres de quem está a apreciar a pequena aventura. A maré no seu eterno ciclo de ir-e-voltar, lentamente leva, por umas horas, a água do rio para o mar.
Quase chove…
Uns acordes de guitarra soam. Por detrás de um pilar um jovem dedilha e exercita insistentemente uma determinada composição, que não consigo identificar. Faço dessa melodia a minha própria melodia.
Sinto a falta da minha máquina fotográfica, extensão da minha mão e do meu olhar, que capta e regista os detalhes que irão mais tarde ocupar os meus vazios.
As horas que me separam da segurança pacata dos meus dias passam lenta mas decididamente.
E o milagre acontece…
pequeno mas sublime…
do céu, escuro e denso, por alguns minutos apenas, um minúsculo raio de luz incide directamente sobre mim acariciando-me os cabelos, aquecendo-me o coração…
e eu, finalmente, deixo de me sentir só.
Passo dois dias na cidade grande, que conheço de cor, ruas palmilhadas vezes sem conta em vidas de outrora.
Sinto-me bem nesta cidade! Gosto do seu fluir, da diversidade humana que se cruza e entrecruza em quotidianos fervilhantes.
Sinto porém um quê de provinciano em mim em cada vinda.
Serrana assumida, a cidade grande surge apenas em fins-de-semana familiares para périplos culturais ou por obrigações profissionais, como é o caso.
Ultrapassadas estas, ouso permanecer mais uma noite contornando a rotina dos dias.
Porém, passada a euforia da decisão, cambaleio em dúvidas.
O serão decorre intranquilo e sem facilidades. É quase obrigatório partilhar o passado recente e este surge sofrido e duro. À minha volta pessoas sorriem, gargalham antevendo o fim-de-semana longo em noite que se espera de formato “king-size”.
Apesar da hora tardia que regresso ao hotel, a noite arrasta-se e pela manhã, bem cedo, encontro-me em frente ao rio, ansiando por um milagre que dê sentido ao momento, quem sabe? à própria vida.
O dia nasceu cinzento e as nuvens adensam-se num tom-sobre-tom do antracite ao cinza claro… no horizonte, descortino a custo onde termina o céu e começa a água. É uma manhã tranquila esta com que me deparo. Turistas passeiam por ali, senhoras de meia-idade caminham energicamente na calçada falando sobre os presentes de Natal, jovens atléticos percorrem o espaço em bicicleta num esforço contínuo de se manterem vigorosos e com ar viril.
Apesar do fervilhar da cidade grande que pressinto nas minhas costas e de ser constante a zoada de fundo, paira junto a mim um certo silêncio tranquilizador.
Um barco na doca parte ao som de uma sineta insistente para um passeio pelas margens do rio. Ouço risos alegres de quem está a apreciar a pequena aventura. A maré no seu eterno ciclo de ir-e-voltar, lentamente leva, por umas horas, a água do rio para o mar.
Quase chove…
Uns acordes de guitarra soam. Por detrás de um pilar um jovem dedilha e exercita insistentemente uma determinada composição, que não consigo identificar. Faço dessa melodia a minha própria melodia.
Sinto a falta da minha máquina fotográfica, extensão da minha mão e do meu olhar, que capta e regista os detalhes que irão mais tarde ocupar os meus vazios.
As horas que me separam da segurança pacata dos meus dias passam lenta mas decididamente.
E o milagre acontece…
pequeno mas sublime…
do céu, escuro e denso, por alguns minutos apenas, um minúsculo raio de luz incide directamente sobre mim acariciando-me os cabelos, aquecendo-me o coração…
e eu, finalmente, deixo de me sentir só.
E agora? Ia contar aos meus amigos o meu louco fim-de-semana, descrevê-lo com tal detalhe e minúcia que eles, interiormente, desejariam tal sorte num dia tão próximo…
ResponderEliminarAgora, não sei! Um fim-de-semana com outros e alguns, aqui, ali e além, cheio e sem coisa alguma, pardacento e reluzente…
Onde estive?!... Não estou a ser preciso mas julgo ter estado contigo em Lisboa!