segunda-feira, 6 de abril de 2009

acreditem, que faz diferença!

apesar do meu olhar transparecer sempre uma determinada poesia e um certo filtro sobre as coisas e as pessoas, nunca
-nunca!-
me alheio à realidade dessas mesmas coisas ou pessoas...
e não! não fotografo a miséria ou a tristeza...
a indigência...
a pobreza...
o olhar triste de quem nada tem, ou de quem sente que nada é...

seria uma ousadia, uma violência, uma afronta àqueles que apenas sobrevivem na massa da cidade grande e que passam despercebidos a quem, simplesmente, se habituou a vê-los ali nos vãos das escadas, nos bancos dos jardins, nas arcadas dos ministérios...

incomoda-me!
magoa-me profundamente a miséria alheia!
toca no mais profundo de mim!
às vezes choro até por me sentir impotente
e a consciência fica em turbilhão.

não fotografo imagens de quem apenas sobrevive... de quem apesar de tudo tem coragem de sobreviver.

mas, quase a propósito, alguém me envia este filme que foca realidades de outras cidades grandes, tão maiores que esta em altura, em extensão e em pobreza!
e tudo é tão igual a Lisboa... tão igual, que poderia até ter sido aqui.

apesar da impotência para mudar o mundo,
há sempre um gesto que se pode fazer nem que seja apenas de vez em quando...
uma certa dose de esperança e de mudança que podemos impregnar nesse gesto...
podemos
-devemos!-
mudar o nosso olhar sobre as coisas.
e acreditem, que faz diferença!

2 comentários:

  1. Sim... faria toda a diferença se todos nós conseguíssemos olhar de maneira diferente para o mundo que nos rodeia...e que esse mundo fosse aquele que está mais perto de nós.

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  2. Uma mensagem linda que nos deveria levar a parar um pouco e pensar o que está errado. Porque se gastam fortunas em coisas fúteis e se nega um pouco de pão a um nosso irmão, por quem passamos todos os dias, mas não o vemos? Parabéns por nos obrigares a pensar no lado humano da vida. A denúncia destes casos pode vir de um vídeo, de uma foto, de um texto... alguém tem de fazer esse trabalho!

    ED

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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

Todos os direitos estão reservados.

São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.