segunda-feira, 29 de agosto de 2011

quando o fundo do mar vem respirar o sol...

Fundo do mar
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.

Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I
Caminho




1 comentário:

  1. Palavras que soltam fluidas e belas de uma Dama da poesia para a minha mana princesa dos olhares.

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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

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