segunda-feira, 18 de maio de 2009

Diário de Viagem (3)...O Principado do Ilhéu da Pontinha...

Tenho dupla nacionalidade desde o passado dia 15 de Maio de 2009.

Ou seja, para além de Portuguesa com naturalidade Moçambicana, sou Fortense!
O que para conhecimento de todos significa que sou a centésima trigésima quinta cidadã honorária do Principado do Ilhéu da Pontinha, o menor dos territórios independentes existentes à face de todo o globo terrestre.

Dom Renato I, Príncipe do Ilhéu da Pontinha, é um homem de convicções e, nem a diminuta dimensão dos seus domínios com Carta firmada por Dom Carlos I e devidamente registada na Conservatória local, o impede de colocar em polvorosa o Governo Regional da Madeira com as suas atitudes de proprietário de parte do porto do Funchal.

Ainda não se tinham passado dez minutos sobre a minha ascensão a Lady e, eis que ousei afirmar perante Vossa Senhoria, que o meu simples apartamento competia e ganhava com quase o dobro da vantagem aos cento e setenta metros quadrados do Principado. E, não fora o meu pronto e farto sorriso, tão honorífico título me seria de imediato confiscado. Porém, tive o prazer de constatar que a benevolência de Dom Renato I, professor de artes visuais e tecnológicas no liceu do Funchal, é inexcedível. Por tal, portadora de documento com assinatura e selo branco do Principado, eis que assumi tal estatuto, brindando o momento com salamaleque e vénia.

Brincamos com a situação, mas a verdade é que o espaço é, efectivamente, um território independente da Madeira, o qual carece de uma Constituição e não tem de todo qualquer autonomia, nem tal teria qualquer lógica. Mas serve para interferir com susceptibilidades e até criar alguns incómodos o que parece ser o principal propósito, até porque a ter reconhecimento internacional, o Principado terá direito a 200 milhas marítimas.

Conta a história que foi neste Forte de São José que em 1419 os descobridores da Ilha da Madeira, João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz se refugiaram, sendo possivelmente a primeira construção da Ilha. O seu interior ainda não é totalmente conhecido. Existem escadas e túneis que ainda não se sabem onde desembocam e do alto do torreão, transformado em miradouro, é possível contemplar, encravada no mar, a pedra triangular onde se amarravam as embarcações. No seu interior, foram entretanto encontradas diversas ossadas, o “kit completo” como afirma o proprietário do espaço.
Se se trata de uma insanidade, de uma brincadeira, de um sonho, de um ideal ou apenas de uma atitude de inconformismo, cada um tomará a sua posição.

Com um sorriso nos lábios assumi o meu estatuto de Fortense, admirando a coragem de Renato Barros em persistir com a sua ideia perante todos. E é ainda com mais outro sorriso plantado no rosto que divulgo o Principado do Ilhéu da Pontinha –apenas e quase um alfinete espetado a setenta metros da Ilha da Madeira- como um ponto incontornável nos nossos périplos insulares.
Para saber um pouco mais:
o site oficial
http://www.fortesaojose.com/
o filme no Jornal da Noite
http://videos.sapo.pt/8Fr7DjaGy9KpKz0yeJjn

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Autoria e Agradecimento

Todos os textos e imagens são de autoria de Ana Souto de Matos.

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São excepção as fotografias do Feto Real e do Cardo que foram cedidas pelo João Viola e 2 imagens captadas na Net sem identificação de autor.