Quedo-me.
À
minha frente, no planalto dos dias cheios, secos ou vazios, surge quase do nada
e sem lhe reconhecer os porquês, A Árvore.
Contemplo-a,
perplexa. Nunca a vi e, no entanto, Sei!
Reconheço-a, apenas, altiva,
firme, acolhedora.
A Árvore que acolhe no seu seio, o pórtico que me dá acesso ao enigma para o qual anseio solução desde os primeiros dias de existência consciente.
No meu íntimo, as palavras mágicas de sentido, surgem automáticas na sua quase exaustão de oração diária…
é só estar atenta
e,
se olhar bem...
- com os tais olhos de ver...
bem longe...
bem fundo...
bem por detrás do óbvio -
bem longe...
bem fundo...
bem por detrás do óbvio -
encontro por ali,
por aqui,
passagens secretas que me levam
para lá do Tempo...
para lá do Tempo...
para lá do quotidiano...
para lá daquilo que sou...
Sei!
Simplesmente sei, que encontrei o acesso para a descoberta de mim própria como
Pessoa e como Mulher, o código que procurei numa busca voraz e incessante de
mim mesma e dos outros. Tão óbvio quanto incompreensível!
A
porta permite-me o recomeço…
Entro
sem hesitar.
Sinto-me
impelida por uma velocidade quase-luz, que rapidamente me empurra para a
frente, para o futuro, colocando a História, a minha, no seu devido lugar de
memórias e vivências. A impulsão não me permite qualquer vacilação. Não deixo
que o pensamento me condicione nas habituais teses em turbilhão de porquês e
receios constrangidos. Um impulso que sinto firme, sem medo, sem qualquer
agressividade. Serenidade e certeza, apenas.
Num
ápice, compreendo que chego a algum lugar que é meu. Meu! Um lugar, ainda
desconhecido, mas de pertença.
E,
defronte de mim, em todo o seu magnífico potencial de vivências de descoberta,
invenção e criação, surge-me intacto ainda o Novo Ano… pronto a ser percorrido
com a incerteza de quem dá o primeiro passo na Vida.
Caminho
ao seu encontro.
2012
espera por mim!
fotografia (PEDRO CUNHA)
todos os direitos reservados
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